Os tipos de barcos
Barco, embarcação – Todo artefato destinado a transportar pessoas e cargas na água. Tanto faz se é movido a remo, vela, motor ou até mesmo sem propulsão própria. Deve ter cockpit (poço, um rebaixo para dar segurança) — portanto, pranchas a vela ou a remo não são consideradas barcos, embora as motos aquáticas (jets) o sejam.
Bote, canoa – Barco aberto, geralmente, com menos de 7 m de comprimento.
Caíque – Pequeno barco para baldeação entre uma embarcação maior ancorada longe de terra e uma praia ou píer.
Iate – Barco com comprimento igual ou superior a 24 m.
Lancha – Barco com comprimento abaixo de 24 m movido a motor.
Navio – Barco grande, geralmente com comprimento acima de 50 m.
Veleiro – Barco movido a vela.
As partes de um barco
Casco – Corpo principal.
Convés – É o plano horizontal principal, que fecha o casco de barcos com comprimento por volta de 12 m – barcos maiores podem ter mais de um convés.
Proa – A parte da frente de um barco.
Popa – A parte de trás de um barco.
Meia-nau – A parte mediana do barco.
Bordos – As laterais de um barco.
Bombordo (BB) – Lado esquerdo, com a proa do barco à nossa frente e a popa atrás.
Boreste (BE) – Lado direito, com a proa à nossa frente e a popa atrás. Em Portugal, diz-se estibordo.
Obras-vivas – A parte do casco que fica abaixo d’água.
Carena – A superfície das obras-vivas.
Obras-mortas – A parte do casco acima da linha d’água.
Costado – A superfície das obras-mortas.
Amuradas – As laterais internas do costado.
Linha d’água, linha de flutuação – Divisão entre as obras-vivas e as obras-mortas; varia conforme o peso da carga do barco.
Amuras, bochechas – As laterais do casco entre a proa e a meia-nau, acima da linha d’água.
Alhetas – Correspondentes às amuras, só que entre a popa e a meia-nau.
Través – O meio do barco, perpendicular à mediania.
Mediania – Linha imaginária que separa boreste e bombordo.
Bico de proa – A extremidade do casco na proa.
Painel de popa – A extremidade do casco na popa — em barcos com popa quadrada, é chamado, normalmente, de espelho de popa.
Verdugo – Friso no costado para proteção lateral e para ocultar a emenda entre o casco e o convés.
Posto de comando – Nos navios, também conhecido como passadiço ou ponte de comando. Nas lanchas, a passagem lateral em volta da superestrutura faz parte do convés principal, e não do passadiço – não confunda!
Tijupá, flying bridge, flybridge, fly – Posto de comando acima do convés principal.
Superestrutura, casario – A construção acima do convés — se houver uma superestrutura na proa, recebe o nome de castelo; na popa, tombadilho. Barcos de lazer não costumam ter nem castelo nem tombadilho, apesar de frequentemente terem superestrutura.
Borda – Linha de união entre casco e convés.
Borda-falsa – Prolongamento do casco acima da borda, existente em alguns tipos de barcos, que serve, principalmente, para evitar a queda de pessoas ou objetos na água.
Casa das máquinas – É o compartimento dos motores, onde normalmente ficam também geradores e outros equipamentos.
Vigias – As janelas no costado e na superestrutura. Podem servir apenas para iluminar ou, também, para ventilar o interior do barco.
Escotilhas – Aberturas no convés que servem à passagem de tripulantes e carga para o interior do barco, além de ventilação e iluminação.
Gaiutas – Um tipo de escotilha, mas com tampa translúcida, como uma claraboia.
Paióis – Armários e quaisquer outros compartimentos destinados a guardar objetos e equipamentos.
Guarda-mancebo – Estrutura de proteção formada por balaústres e cabos de aço fixada na borda.
Púlpito de proa, púlpito de popa – Os guarda-mancebos das extremidades do casco.
Lançador de âncora – Suporte ao qual se fixa a âncora.
Plataforma de popa — Apêndice fixado no casco, para auxiliar no acesso à água. Há também plataformas de proa, que facilitam a subida e descida do píer.
Turcos — Hastes de metal ou de fibra de carbono que servem para pendurar o caíque.
Sanefa — Espécie de cortina para ser fixada em volta da capota do barco, para proteger o cockpit das intempéries.
A estrutura de um barco
Quilha – Parte principal na estrutura, é como se fosse a espinha dorsal de uma embarcação. Nos barcos de fibra — na verdade, barcos de plástico reforçado com fibra de vidro —, a quilha é fundida na laminação do casco.
Cavernas – As vigas vigas que dão forma ao casco. São colocadas perpendicularmente à quilha, como costelas.
Longarinas – Vigas longitudinais, que seguem paralelas à quilha, cruzando as cavernas. Longarinas e cavernas são, geralmente, fixadas ao casco como um chassi.
Hastilhas – Chapas de reforço junto às cavernas, no fundo do casco.
Vaus – Ligam a parte superior das cavernas de bordo a bordo, para sustentar o convés.
Pés de carneiro – Colunas presentes em alguns barcos, para apoiar o convés junto com os vaus.
Roda de proa – Prolongamento da quilha na proa.
Talhamar – A superfície frontal da roda de proa.
Roda de popa – Continuação da quilha na popa.
Anteparas – O que, em uma casa, seriam as paredes. Costuma-se laminar as anteparas e o mobiliário junto à estrutura, para aumentar a resistência do casco.
Ferragens
Âncora, ferro – Peça de aço ou alumínio, composta de haste e uma ou mais “patas”, para “unhar” o fundo e segurar o barco no local.
Amarra – Cabo, corrente ou uma combinação de ambos, usada para ligar a âncora ao barco.
Olhal – Alça em forma de anel, geralmente colocada na roda de proa e no espelho de popa.
Hélice – É o responsável pela impulsão do barco. Pode ser de bronze, plástico, alumínio, aço inox ou de uma liga composta por uma mistura de níquel, bronze e alumínio (nibral). Em náutica, o termo é usado no masculino.
Pé-de-galinha – Mancal por onde passa o eixo do hélice, fixado no fundo do casco.
Pé-de-pinto – Mancal com a mesma função do pé-de-galinha, porém menor e instalado à frente dele.
Buzina – Peça oval ou em forma de U, que serve de guia e de proteção para os cabos na borda do barco.
Cabo – Nome para qualquer tipo de corda, exceto a do sino — se houver um a bordo.
Cunho – Amarrador em forma de bigorna fixado ao convés, para prender qualquer cabo.
Espia – Cabo que prender o barco ao cais ou píer.
Gato – Gancho cuja finalidade principal é ser preso a outra peça. Se tiver trava, é chamado de gato com barbela.
Gato de escape – Peça com pino, que permite soltura rápida. É chamado também de manilha de escape.
Manilha – Peça em forma de U ou de ferradura, para ligar dois componentes. Tem um pino rosqueável, chamado de cavirão.
Mosquetão – Composta por uma alça com um pino móvel, para engate e desengate rápido.
Principais medidas de um barco
Comprimento – Medida do casco, entre a roda de proa (bico de proa) e a roda de popa (espelho de popa). Na Marinha, é chamado de comprimento de roda a roda.
Comprimento na linha d’água – O próprio nome explica. É chamado também de comprimento entre perpendiculares. Plataforma de popa, púlpitos e lançador de âncora não compõem o casco e, portanto, não contam nesta medida.
Comprimento máximo – Corresponde ao casco e seus acessórios, incluindo plataforma de popa, púlpito de proa e lançador de âncora.
Boca – Largura máxima do barco.
Borda-livre, bordo-livre – Distância entre a borda e a linha d’água. Geralmente, é medida na proa e na popa, embora possa ser medida também à meia-nau.
Calado – Distância vertical entre a linha d’água e o ponto mais baixo do casco, com a propulsão. Mas se o calado se referir somente ao casco, não inclui a propulsão.
Contorno – Medida linear de borda a borda, passando pelo ponto mais largo. Ninguém usa essa medida, mas consta no documento do barco (Título de Inscrição da Embarcação – TIE).
Pontal – Corresponde à soma da borda-livre com o calado.
Deslocamento – O peso do barco. Deslocamento mínimo ou leve refere-se ao peso do barco sem combustível nem pessoas a bordo. Deslocamento máximo é o peso do barco com os tanques cheios e com a quantidade máxima de pessoas embarcadas.
Arqueação – Volume interno do barco.
Tonelagem de arqueação – Corresponde a 2,83 m³ ou 2.830 litros. Não tem nada a ver com peso, mas com a capacidade de carga dos porões dos antigos navios, baseada em quantos tonéis cabiam debaixo do convés. Na prática, não se usa esta medida para nada nos barcos.
Medidas náuticas
Pé – Um pé mede 30,48 cm ou 12 polegadas (1 polegada = 2,54 cm).
Milha náutica ou milha marítima – Equivale a 1,852 km.
Nó – Representa 1 milha náutica por hora ou 1,852 km/h.
MPH – É a medida comum aos velocímetros dos barcos americanos, que usam milhas terrestres ( 1 milha terrestre corresponde a 1,609 km/h; menor, portanto, que 1 milha náutica).
Tipos de motores
De popa – É instalado na popa, fora do barco.
Centro-rabeta – O motor fica na popa, mas dentro do porão do barco, com a rabeta (onde vai o hélice*) fixada no espelho de popa. Este tipo de motor geralmente tem versões a gasolina e a diesel.
De centro – Vai dentro do barco, afastado da popa e ligado, no fundo do casco, ao eixo ao qual é preso o hélice, seguido pelo leme.
De centro V-drive – Neste caso, o motor também fica dentro do barco, porém, na popa.
Hidrojato – O motor é acoplado a uma bomba que expele a água em alta velocidade, na popa (como nas motos aquáticas).
Com rabeta de superfície – O motor fica dentro do barco e a propulsão se realiza por meio de uma rabeta em que o hélice trabalha simultaneamente dentro e fora d’água.
Centro-rabeta fixa (pod system) – composta por um motor colocado na popa ou afastado dela e por uma rabeta no fundo do casco.
Rabeta – Pequeno motor estacionário refrigerado a ar, montado em uma bandeja na popa do barco e acoplado a um eixo longo com um hélice traseiro, chamado de rabeta. É comum nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
*Na linguagem náutica, o termo hélice é sempre masculino, assim como manete (que controla o acelerador e as marchas).