Já faz algum tempo em que as baterias deixaram de ter apenas a função de partida dos motores e da iluminação básica em uma embarcação. Vamos conhecer mais sobre este importante equipamento a seguir.
Junto com os inversores, as baterias são a principal fonte de energia para uma série de equipamentos a bordo — de TVs a fornos de microondas. Porém, cedo ou tarde, elas perdem a capacidade de armazenamento e precisam ser substituídas.
Existem alguns cuidados necessários que é preciso ter com uma bateria, como dar partida no motor da embarcação uma vez de semana, pelo menos, pois as altas temperaturas e umidades podem originar o processo de auto descarga natural. Verificar, mensalmente, o nível de água das baterias de chumbo e não seladas. Além disso, procurar utilizar apenas baterias náuticas, pois elas possuem maior controle de gases nocivos, maiores resistências às altas temperaturas e menor taxa de auto descarga.
Qual o tipo mais comum de bateria para barcos?
É a chamada bateria chumbo-ácido. Pode-se optar pelas convencionais, seladas ou de gel, até porque a diferença de desempenho entre elas é pequena (desde que a manutenção e operação sejam corretas). Porém, há outras duas diferenças importantes: as baterias projetadas para a partida dos motores e as de ciclo profundo, feitas para alimentar os equipamentos a bordo, diretamente ou através do inversor. As primeiras são capazes de liberar grandes correntes elétricas por curtos períodos. Já as segundas são construídas para fornecer correntes menores, mas por longos períodos.01
Quanto dura uma bateria?
Em média, de três a quatro anos, mas depende do tipo de uso, das condições ambientais, do carregador, da manutenção e, ainda, do correto dimensionamento do banco de baterias. O ideal é que elas não descarreguem abaixo de 70% da capacidade. Assim, podem funcionar por mais de 700 ciclos carga-descarga. Levando em conta o custo da substituição, todo o cuidado para prolongar a vida de uma bateria é importante.
Em que medida a temperatura de trabalho afeta a vida da bateria?
Quanto mais alta a temperatura de trabalho, menor será sua vida. Se pensarmos que a maioria dos estaleiros coloca as baterias na casa de máquinas, perto dos motores, este efeito é ainda mais crítico. Em uma conta simples, podemos dizer que, para cada 8 ºC de aumento de temperatura, a vida cai 50%. Ou seja: se, trabalhando a 30 ºC, a bateria tivesse uma vida de cinco anos, a 38 ºC, duraria 30 meses. Portanto, a dica é ter um bom sistema de exaustão na casa de máquinas.
Deixar as baterias com meia carga pode diminuir sua vida?
Sim. O ideal é sempre deixá-las com carga plena. Do contrário, em semanas, começa o processo de sulfatação permanente das placas, que funciona como uma barreira, dificultando as reações químicas. O resultado é uma diminuição irreversível na capacidade de carga e da vida útil. Um ponto importante: carregar as baterias apenas com o alternador do motor é o método mais simples, mas longe de ser o ideal. Além de não atingir a carga máxima, os acumuladores podem ser prejudicados, no caso de as correntes serem muito elevadas. O ideal é usar carregadores inteligentes, entre 12 e 16 horas, para conseguir 100% de recarga.
Ainda quanto ao carregamento das baterias, existe um erro conceitual no uso do alternador, que tem como função repor a energia consumida pela bateria durante o funcionamento do motor. Para carregar as baterias deve-se utilizar um carregador elétrico adequado para o tipo de bateria, ligado à tomada do pier.
O que indicam os valores “Ah” e “CCA” de uma bateria?
A indicação mais conhecida é a capacidade de armazenamento de energia em Ah (ampere-hora). Ela mostra o valor da corrente que uma bateria pode fornecer durante 20 horas, no padrão de teste C20, ou seja: uma bateria de 100 Ah fornece 5 amperes por 20 horas (5 x 20 = 100). Ela forneceria 20 amperes em cinco horas? Não, porque, quando a corrente aumenta, a capacidade da bateria de liberar energia diminui. Se quiséssemos drenar 20 A de uma bateria comum, o tempo máximo cairia para quatro horas. Já o valor CCA (Cold Cranking Amperes) mostra a corrente máxima que ela pode fornecer para o motor de arranque. Este valor não está ligado à capacidade da bateria em Ah, mas à sua forma construtiva. Assim, uma bateria de partida terá um CCA maior que uma de ciclo profundo, mesmo com a mesma capacidade em Ah.
Escolher uma bateria náutica não é uma tarefa fácil, mas ela se torna muito mais simples quando você sabe identificar quantos amperes ela necessita para o consumo de energia.
Para calcular a quantidade de amperes é importante basear-se no tempo médio de uso diário em horas de cada equipamento elétrico a bordo, porém é recomendável ter baterias com potencial duas vezes e meia maior ao consumo determinado.